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A história de Tom Grubbs

PARTE 1

Tom Grubbs era um professor idealista que junto de sua esposa e os três filhos de casal se juntaram ao Templo dos Povos em 1968. Neva Sly, uma sobrevivente que era amiga do casal, conta que os Grubbs decidiram se mudar para mais perto do Templo apenas duas semanas após conhecer Jim Jones.

Em 1976, Tom foi enviado para Guiana junto de Don Beck, para ensinar as crianças que já estavam morando ali. Tom queria voltar para os Estados Unidos para concluir sua especialização, Don Beck queria ficar, mas a liderança ordenou o contrário.

Tom era um trabalhador muito esforçado. Logo se tornou diretor do ensino primário e foi responsável pelo conteúdo programático que foi ensinado na sala de aula. Além disso ele também tinha outras habilidades, como conta em uma carta para Jim Jones:

“Eu acredito que, mais do que tudo, eu sou um ótimo professor. Além disso eu também corto cabelo, conserto óculos, conserto gravadores, conheço e gosto de trabalhar com árvores, trabalho com madeira, ferramentas e couro de trabalho, sou um arqueiro e posso fazer minhas próprias cordas de arco, flechas e acessórios, tenho conhecimento em psicologia, principalmente em psicologia educacional, posso consertar a maioria dos pequenos eletrodomésticos Isso representa novas frustrações. As pessoas querem que eu faça todas essas coisas e não tenho tempo. “

Ele foi o criador da Caixa, o famoso método de punição para infratores.

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Carta com pedido para ter noites livres durante a semana

“Pai, eu insisto que a comunidade precisa de pelo menos uma e provavelmente duas noites livres por semana. Nessas noites eles podem ir à biblioteca, assistir um filme, passar tempo junto de seus filhos, fazer coisas “pessoais”, desde ir a lavanderia a socializar. Eu peguei o sentimento de várias pessoas com quem tenho conversado.  Existe uma lei de rendimentos decrescentes com essas classes, e definitivamente estamos vendo isso acontecer.

A propósito, eu tenho alguns planos para fazer o programa de educação da comunidade mais agradável, variado e efetivo. Eu vou estar apresentando em breve. Irá nos levar além de apenas “notícias” e aulas de russo, para alguns estudos teóricos e aplicados e discussões de marxismo, dialética e como e como todos nós podemos nos relacionar com isso.

Eu recomendo que devemos deixar a comunidade ter uma noite de folga.”

A carta não está assinada, mas provavelmente foi escrita por Tom Grubbs ou Dick Tropp, já que são os diretores da escola e a carta fala sobre ter um plano para o programa de educação. Também deve ter sido escrita próximo ao final da comunidade, em outubro de 1978. Nessa época as reuniões, que antes eram apenas duas vezes por semana, estavam sendo realizadas todos os dias.

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Dick Grubbs [ Ken Norton]

Richard [Dick] Grubbs nasceu em Washington, em 1945.  Ele conheceu o Templo através de seu irmão Tom Grubbs.  

Dick presidiu a marcenaria do Templo de São Francisco e treinou muitos homens e mulheres que trabalhavam com ele para serem carpinteiros e construtores.

Ele costumava participar das lutas de boxe punitivas, e foi daí que veio a inspiração para o nome de Ken Norton, que foi como ele ficou conhecido no Templo. Até mesmo seu irmão Tom o chamava assim, tanto em cartas para Jim que o mencionavam ou em memorandos para ele.

Talvez uma das causas da mudança de nome foram os problemas com a lei. Tom, em uma carta para Jim Jones sobre a equipe de arquearia e a vinda de Ken para a Guiana menciona que:

“Ken tem um problema com passaporte. Ele roubou milhares de dólares em suprimentos da marinha. Eles não tem estatutos de limitações e ele acredita que estão tentando encontrá-lo.”

O medo de tirar o passaporte não o impediu. Ele chegou na Guiana em 01 de março de 1978. Algo curioso é que em uma lista feita em Jonestown no dia 17 de março, aparece que Ken foi colocado sob observação médica. Nessa lista não é dito o motivo da internação, então é impossível saber se foi devido alguma doença ou a uma dissidência. 

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Em Jonestown, Norton também trabalhou na área de construção. Ele foi citado várias vezes durante os comícios, geralmente era algum elogio sobre algo que ele tinha feito, como cadeiras ou vassouras para vender, ou quando Jones se lembrava de que algo precisava ser feito e delegava a tarefa para Norton e outros.

Além disso, ele também era membro da equipe de arquearia. Na mesma carta de Tom Grubbs para Jim, ele fala que: 

“Ken também é arqueiro. Além disso ele também ensinou arco e flecha como ocupação e participou de torneios de tiro ao alvo.”

***

Ken Norton também morreu naquele enorme desperdício de vidas que foi o dia 18 de novembro de 1978.

Em um ensaio no site Jonestown Institute, Dea McConnel, irmã de Ken e Tom, diz acreditar que eles entraram para o Templo a procura de um pai, e encontraram na figura de Jim Jones.

“[…] E eu acredito que eles encontraram. Por um tempo. Até que eles se encontraram enfrentando muitas noites brancas . Depois de morrer uma vez, o que importa se você morrer novamente. ‘Isso não foi tão ruim. Podemos fazer isso de novo’. Até que não importa se eles vivem ou morrem. 

Tom era um idealista. Dick [Ken] simplesmente amava Tom. Que eles morreram juntos me dá algo. Espero que eles tenham morrido abraçados, dizendo ‘Foi uma vida boa, mano. Te vejo no próxima!’ ” 

“Meu neto se parece com meu irmão Dick [Ken] e tem seu senso de humor provocador. Meu filho descobriu que adora trabalhar com madeira e que pode fazer lindos arcos longos. Tom e Dick usaram o arco longo. O círculo começa a se completar”.
Fontes:
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Carta de Tom Grubbs a Jim Jones – Programa de Substituição de Valor

Eu traduzi uma carta que Tom Grubbs enviou para Jim Jones em novembro de 1977. Além de ser professor e diretor da escola primária de Jonestown, Tom também estudava psicologia, em especial psicologia educacional. Essa carta é uma resposta sobre um programa de substituição de valores. Como substituir a teimosia, raiva, desonestidade por novos valores em indivíduos dissidentes? São analisados alguns métodos e no final, Tom fala sobre sobre o método que seria conhecido como a Caixa. Apesar de ter entrado para história como algo bárbaro, esse não era seu objetivo inicial.

“Para: Pai
De: Tom Grubbs
Re: Programa de substituição de valor
Data: 9 de novembro de 1977

O princípio sobre o qual funciona a substituição de valor é que os sistemas de valores, na verdade todos os quadros de referência para a maioria das pessoas, são mantidos pela percepção, pelo estímulo. A pesquisa e a experiência comprovam de forma conclusiva que as pessoas privadas de estimulação tornam-se muito dóceis e tratáveis.

A tendência em todas as “lavagens cerebrais” está longe de qualquer tipo de administração de dor, pois gera fortes reforços para o “conjunto” mental. Em vez disso, o conforto reduz a resistência à reprogramação ou substituição de valor. Os níveis variáveis ​​de intensidade produzem resultados variáveis ​​ao longo de um tempo variável.

Um método utiliza a deficiência do complexo de vitamina B. A vitamina B é considerada a vitamina do cérebro e dos nervos e foi considerada muito influente na quantidade de perseverança e / ou teimosia que o indivíduo exibe.

Em segundo lugar, a quantidade de privação sensorial influencia o tempo necessário para atingir a plasticidade. Em um espaço escuro, em colchões, à prova de som, com as mãos e os pés acolchoados (dedos das mãos e pés são os principais sensores táteis) a pessoa geralmente experimenta degeneração das funções de raciocínio em cerca de 72 horas. Esse processo geralmente é indicado por alucinações e sinalizado por gritos frequentes. A maioria das pessoas neste ponto não é capaz de controlar as alucinações. No entanto, o monitor pode controlar as alucinações, fornecendo estímulos cuidadosamente selecionados para determinados

[folha 2]

períodos. O sujeito está livre das alucinações enquanto atende ou se concentra no estímulo e seus aspectos relacionados. O resultado delas é que com um cronograma adequado, o sujeito passa a desejar os estímulos e passa a depender deles para a liberdade da sensação de estar perdido, descentrado, sem verificação da identidade. A verificação de identidade é um conceito importante. Eles seguiriam que pessoas com autoconceitos (imagens) pouco desenvolvidos são mais suscetíveis a esse processo.

Quanto mais estímulos livres, menor o período necessário para reduzir a resistência à substituição de valor.

Programar os intervalos entre, duração e conteúdo da fase de redesenvolvimento é o mais importante. O estágio de redesenvolvimento inicial deve ter os períodos mais curtos de valor pré-estatístico e espaçados em intervalos mais longos. Os períodos tornaram-se mais longos e frequentes à medida que a sujeito mostra progresso na internalização dos novos valores. Assim, os períodos de discussão são recompensas pelo progresso.

É importante que o inspetor perceba que o sujeito é bastante sugestionável durante a fase de redesenvolvimento e este período requer considerável reflexão e planejamento antes da implementação. Além disso, a conversa não diretamente relacionada aos valores desejados é reduzida ao mínimo. Nas fases posteriores, pode ser aumentado como recompensa.

A instalação deve ser grande o suficiente para não causar claustrofobia, digamos 6x6x6 no mínimo. Deve ser bem apertado e em uma área sem som. O chão deve ser coberto com colchões. É desejável, embora não obrigatório, tampar as paredes com colchões.

Um método inclui o uso de uma camisa de contenção e apoios para os pés. O processo é acelerado, embora provavelmente mais traumático. Podemos não desejar este procedimento.

O processo pode ser concluído de 5 a 7 dias.”

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